The Moodys Effect #9 – Como rir ainda é o melhor remédio

Numa semana que não tem sido fácil é normal deixar aquilo que nos distrai de lado  e as preocupações ocupam-nos o tempo todo. Sou fã de séries, mas não me considero viciado e apesar de seguir umas 30 séries (não é viciado… diz ele) mas metade está por ver e só uma meia dúzia realmente sigo com regularidade semanal. E esta semana ao tentar escolher um tema olhei para a lista das séries e percebi que há um género que me faz alguma falta, as comédias e é sobre a sua presença ou não no quotidiano que vou falar hoje. Porque rir é preciso e 20 minutos não é assim tanto tempo.

Fazer comédia não é fácil e o género rapidamente se divide em algumas categorias e mais ainda quando olhamos para o cabo, onde esse género é muitas vezes confundido com drama e é difícil perceber a fronteira entre os dois géneros. Alguns destes casos são Californication, Weeds e The Big C, na  teoria são comédias, mas existe toda uma carga dramática desde logo associada ao género e que por vezes nos faz duvidar se aquilo é mesmo comédia ou somente uma novela. Mas se nos pode fazer rir também nos pode fazer chorar e portanto ter esta dicotomia nem sempre é fácil de aguentar durante muito tempo, daí talvez o rápido desgaste destas séries.

Mas o género comédia está mais intrinsecamente ligado ás chamadas sitcoms, que são séries que usam 4 ou 5 cenários constantemente e o numero de personagens é também ele extremamente limitado ao grupo principal. O exemplo mais popular dos ultimos anos é How i Met your mother, claro que há imensas séries que podiam ser referidas, como Two and a Half Men ou The Big Bang Theory, mas das que sigo esta tem sido uma das que marcou de certa forma o género ou seja criar uma ‘mitologia’ pegando num mistério que acompanha a série ao longo de toda a sua existência, correndo o risco de nunca ser revelado. Este género em que se usa um grupo de amigos ou familiares é o mais comum e  também o mais ‘barato’ e Friends é o expoente máximo disso mesmo, uma das séries de comédia mais populares no mundo inteiro e que é também ela inspiração para muito do que se fez depois. Hoje em dia é rara a comédia que consegue sair dos padrões mais habituais e portanto singrar realmente, mas há algumas que ousam ser mais do que gags sobre a vida alheia.

Entramos assim num universo paralelo em que posso colocar Community e 30 rock que são para mim dois dos mais criativos exemplos de como a comédia pode sair do politicamente correcto. Um grupo de estudantes com personalidade totalmente distintas, crenças, opções de vida diferentes e conjugar isso uma fantástico jogo sobre a amizade e a necessidade de nos ligarmos a alguém é algo que nem todas as séries de comédia conseguem. 30Rock é um gozo ao próprio mundo da tv, à sociedade em geral… e conseguem ambas ao fim de algumas temporadas, mesmo com poucas audiências, trazer sempre algo fresco e deliciosamente divertido.

No outro extremo temos as comédias por assim dizer mais pesadas, em que não existe muitos tabus e tudo é assumido sem preconceitos, ao que se pode chamar de comédia de embaraço, que é tipicamente inglesa, a mais conhecida talvez seja The office, que eu não sigo, mas pegando no formato ‘doc’ traz uma desconstrução de personagens fantástica em que o embaraço das situações mais comuns é o mote. Nesta linha temos também Curb your Enthusiasm que é algo deveras delicioso e ao mesmo tempo consegue pegar nas situações mais banais da vida comum e transforma-las numa tempestade em que Larry David se torna uma pessoa tão irritante que nos conseguimos rever em tudo aquilo, mas nunca o assumimos. Louie no FX é outra nesta linha, apesar de algo biográfica não deixa de ser uma comédia de embaraço e mais uma vez inspirada nas séries inglesas.

Depois há diversas comédias que conjugam géneros como é o caso de Raising Hope que sendo uma sitcom quase comum consegue também ir um pouco mais longe e ser uma espécie de critica social ao sistema americano. Parks & Recreation que é chamada a comédia positiva, em que o mundo é visto sobre um ponto de vista muito mais aberto, sem recorrer tanto aos nossos ‘calcanhares de aquiles’ mas sim ás coisas boas da vida.

Há quem ache que a comédia está de certa forma a perder força, mas como podemos ver é uma questão de criatividade e de procurar as ideias mais originais sem fugir do objectivo que é colocar alguém bem disposto. Sorrir não pode ser uma vergonha, deve sim ser contagiante.

Das mais recentes alguns possíveis achados, como Veep, que segue a tal linha do embaraço politico, Dont Trust the Bitch in Apartment 23, que não sendo nada do outro mundo consegue jogar bem com o humor negro e Suburgatory que no género familiar e vida social consegue alguns momentos bastante engraçados.

Muitas mais podiam ser faladas mas como disse no inicio não é o género que mais sigo com regularidade, tirando talvez Community, mas se olharmos para elas de forma mais descomplexada certamente encontramos comédias que nos inspiram e nos arrancam um sorriso.

Sejam felizes.

1 thought on “The Moodys Effect #9 – Como rir ainda é o melhor remédio

  1. A comédia é um género complicado de fazer, visto que, ao contrário dos dramas, que no fundo é a tentativa de passar para o ecrã uma boa história, nestas é preciso, para além de uma história minimamente aceitável (até séries como TBBT tem a sua narrativa), conseguir encaixar humor na mesma. Para além disso, a forma como o ser humano se diversifica no que ri (a última crónica da Joana Aleixo é um exemplo claro de como o humor influencia bem mais a visualização de comédia que o drama) torna muito mais difícil agradar a públicos muitos distintos.

    Mas, como tu começas o texto, a TV também vive de comédia. A fuga a um quotidiano de drama em quase toda a vida, excepto naquelas horas. E, com 20 minutos por dia, a vida parece sempre mais alegre…excepto quando o episódio de TBBT é mau

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