A espera foi longa e os salgueiros deixam cair as suas folhas nos delicados passeios e jardins. É Outono, praia para trás das costas, mantas e lareiras a prepararem o regresso. Com este quadro crepitante nenhuma outra moldura poderia conjugar melhor que as nossas queridas séries televisivas. De A a B, todas elas estão prontas. Não é que já não estivessem nos meses de calor, mas agora, sobretudo agora, ficar sentado no sofá dá outro conforto.
De parte este início lírico e outonal, remeto-me para o assunto que me apraz com regularidade, a inutilidade audiovisual. Nestas problemáticas, tal como as estações sazonais, há sempre lixo que pede incessantemente pela reciclagem. Este mês, esse lixo chama-se “666 Park Avenue”, episódio piloto.
De terror não sou fã. Nunca fui de facto. No entanto, nunca reprimi qualquer oportunidade de fazer chegar bom terror audiovisual até mim. Não sou fã de American Horror Story mas reconheço engenho no produto, por exemplo. Pelo contrário, sou um fã incondicional de um filme chamado “Rosemary’s Baby” do Roman Polanski. É deste segundo título que começo a mim dissertação. 666 Park Avenue é uma história em quê os moradores de um condomínio residencial – espécie de prédio com serviço de quartos, recepcionista e mordomias -, de seu nome titular da série, fazem um pacto com o diabo, que curiosamente é o diretor desse mesmo condomínio. O drama começa quando um jovem casal, energético e empreendedor, ganha o lugar de “tarefeiros” lá do sítio, em troca de uma residência lá no prédio. Rosemary’s Baby é um filme em que uma mulher engravida do diabo.