Camões Lunático #8 – Séries com cheirinho a mar?

O verão é mais do que calor, mais do que idas à praia e mais do que noites acaloradas. O verão traz-nos aquilo que nos delicia neste blog: as séries. Nem todas têm cheiro a mar, muito menos a sardinha dos Santos que já acabaram, mas todas elas servem para (pelo menos) uma coisa: ocupar os dias daqueles que não fazem nada durante dois (ou mais) meses.

Grande parte das séries que eu sigo estreiam as temporadas novas no fim de Junho/início de Julho. Desde Franklin & Bash, a Perception e Futurama, até Arrested Development (Netflix), que voltou sete anos depois para uns míseros 15 episódios. É também o exemplo de Top Gear UK, que estreou neste Domingo.

Esta série, que já conta com edições americana e australiana, estreou agora a vigésima temporada e deliciou-nos com belas imagens dos episódios da temporada, que já estão todos praticamente preparados para transmissão. Claro que não vou estar aqui a descrever tudo aquilo que foi falado pelo Captain Slow, pelo James e pelo Jeremy, mas posso dizer-vos que a série voltou ao normal. Há imensa actividade no ecrã, há muito por onde rir e sobretudo há carros com que nos podemos deliciar. Pena é que não tenho nenhum daqueles que é falado e demonstrado no episódio.

Falo-vos agora de Scandal (ABC), uma série muito americana, com muitos dramas pausados, mas muito bem interpretado por uma actriz de quem nunca esperei muito (Kerry Washington). Dá-nos uma ideia de como é difícil gerir imagens de outras pessoas, que se vêem envolvidos em escândalos, e ao mesmo tempo lidar com uma vida pessoal. É quase o mesmo que tentarem fritar umas tiras de bacon enquanto estão a aconselhar alguém a ter uma alimentação mais saudável. É uma série que vos deixa agarrados ao sofá, talvez com um balde de pipocas na mão, que sabe melhor ainda se for vista num dia de inverno debaixo de um cobertor. Em Scandal, também é interessante pensar no ponto de vista jornalístico: aginal de contas, há alguém cujo trabalho é só mudar e impedir que saiam a público os podres de uma pessoa.

Depois temos uma série americana, passada em Inglaterra, com muitos actores ingleses mas onde o principal sujeito é americano. Mr. Selfridge (ITV e PBS) é o nome desta série passada no início do século XX, que retrata a vida do homónimo. Mais especificidades? Esta série retrata a vida de Harry Gordon Selfridge, o inventor do primeiro centro comercial do estilo do El Corte Inglés como vocês o conhecem hoje em dia: uma única loja com várias secções. A série mostra os prazeres da vida de Mr. Selfridge a partir de 1908, altura em que era extremamente difícil convencer as pessoas de que o tempo da ida ao alfaiate terminara. Uma série com todo os adereços possíveis e imaginários e que merece o tempo que se perde com cada episódio por nos enriquecer culturalmente da evolução dos mercados e da concorrência há sensivelmente 100 anos; isto, claro está, para quem tem interesses mais profundos do que as histórias das novelas portuguesas.

Emmys 2012: A Nova História de Amor – Os Vencedores

Vou contar-vos uma história. Era uma vez um dado rapaz que gostava de meninas. Daquelas com os peitos arrebitados, todas jeitosas. Até que um dia se apaixonou. Sim, irei contar-vos uma história de amor. A rapariga dava-se pelo nome de Mad Men. Mas chamemo-la de Francisca. A Francisca não era bela ao olhar de parte do grupo de amigos de Pedro, sobrenome Academia. Mas o que ele sentia por ela era único. Pedro apaixonara-se pelo que Francisca era. Algo calmo, sereno, de temperamento lento, que permitia a Pedro sorrir nos momentos mais inesperados, de felicidade plena. Qualquer mulher que se chegava ao lado de Pedro recebia algo, mas era algo pequeno e insignificante. Tivemos Teresa, que vinha mascarada de química louca, com um ritmo totalmente frenético. Tivemos Rute, nome feio para alguém que já foi belo, mas se perdeu na vida entre o sangue e os esqueletos (desculpe qualquer Rute). Tivemos Joana, alguém confusa, complexa, onde mil e uma vidas viviam em castelos. Mas nada nem ninguém mudava Pedro. Era Francisca que ele queria. Era em Francisca que ele se renovava. Todas as semanas Francisca mudava, e ele continuava a admira-la. Até ontem…

O que se passou ontem não está em nenhuma história que já leram. Nem nos Morangos com Açúcar. Foi o fim da história, que durou 4 anos. Chegou Ana. Ana era algo que Teresa tem, possuía um pouco de Rute, mas pouco (pertencia à mesma cidade), até tinha algo que Mafalda teve, a rapariga que vivia 24 horas como se de uma vida se trata-se. Mas não era Francisca. Por isso, e quando ontem Pedro trocou tudo por Ana, fazendo algo que nunca Francisca teve, dando-lhe tudo o que poderia ganhar, admirei-me. Podia ser Teresa, que merecia. Podia ser Joana, mesmo improvável e injusto. Podia ser aquela gaja inglesa. Mas não. Foi Ana. E os amigos ficaram felizes. Ana tem corpo. Mas Pedro esqueceu do porque de ter ficado com Francisca tanto tempo. Não era aquilo que os outros diziam, mas o que ela mostrava. Pedro trocou um corpo por uma paixão. Perceba-se, Ana é jeitosa, interessante e engraçada. Mas não é Francisca, nem é Teresa. Por isso, quando falarem da madrugada de hoje dir-se-à que Pedro demonstrou que por vezes as mulheres têm razão: os homens são todos iguais. Talvez seja mentira na vida real, mas nos prémios um corpo mais novo e jeitoso ontem ganhou a alguém experiente, não tão exuberante, mas mais bela. Ontem acabou mais uma história de amor na televisão.

Continuar a ler

Emmys 2012: As previsões

Ora boa noite. É já amanhã que são anunciados os vencedores dos Emmys deste ano que está a terminar, e como vem sendo habitual, o Imagens Projectadas prepara-se para a noite mais injusta e semi-parva da televisão americana (só ultrapassada pela parva inteira, que é a dos Golden Globes). Todos os prémios têm o seu grau de injustiça. Há vencedores e vencidos. E, tal como estas previsões, tudo o que se diz posteriormente tem o seu grau de incerteza. Por isso, e de forma a facilitar as situações, vou eleger quem acho que vai vencer e quem acho que deve vencer.

Possível Vencedor
Quem devia vencer (se for igual ao possível vencedor, não aparecerá)
Aquele que até pode ganhar

Melhor Drama

  • Boardwalk Empire – HBO
  • Breaking Bad – AMC
  • Downton Abbey – PBS
  • Game Of Thrones – HBO
  • Homeland – Showtime
  • Mad Men – AMC

Uma categoria difícil, onde três nomes são os principais favoritos. Mad Men deverá ganhar, fazendo mais um recorde, mas tem à perna a britânica Downton Abbey, seguida quase a par de Breaking Bad. Deste lado gostava que Breaking Bad ganha-se, por tudo o que a série vale e pelos anos absolutamente fantásticos que ficam sempre à sombra de Mad Men. O resto, apesar de excelente, não me parece que tenha hipóteses. Homeland teve um ano muito bom, mas Mad Men, Breaking Bad e Downton Abbey vão lutar pelo prémio. Se sair vencedor fora destes três, surgirá uma grande surpresa.

Continuar a ler

Emmys 2012: Os nomeados e o comentário – Drama

De regresso, umas horas depois do prometido. Sabem o que é, férias, sono, preguiça e séries. Vida…Mas, em vez de ficar aqui a escrever-vos sobre isto, vamos ao que interessa: nomeados da parte de drama.

Primeiro, a parvoíce. Downton Abbey teve, nesta temporada que é nomeada (2ª, compreendida entre 18 de Setembro e 6 de Novembro) 8 episódios transmitidos. Game of Thrones teve 10. Boardwalk Empire e Homeland tiveram 12 cada uma. E 12 episódios teve American Horror Story. O que se nota é que a FX armou-se em chico-esperto, numa atitude que faria corar de admiração parte dos lusos. Não é que, para os Emmys, ou melhor, para a FX que submeteu e para quem por trás dos Emmys manda, acharam que uma mini-série tem 12 episódios e uma série tem 8? Perceba-se a lógica. Mini é pequeno. Acho. Aprendi assim. Mas, neste admirável mundo novo, não. Mini é normal. Eu percebo a FX. No meio disto, adicionando Mad Men e Breaking Bad, ainda devia ter à sua frente pelo menos The Good Wife e Justified. Talvez The Walking Dead. Ou mesmo Boss. Não se esqueçam de Sons of Anarchy. E talvez outra, meia escondida. Eram demasiadas vagas, e não havia hipótese. Por isso, o chico-esperto manda que se mude as regras do jogo. Nomeação a Mini-série conquista, gente com tudo aos saltos, a nomeação garantida. Eu, se fosse as mentes brilhantes por trás de AHS, tentava meter Glee também como mini-série. Parece que a única forma de o marmanjo adorado por estes recantos de tentar (tentar, diga-se, que ai dele que ganhe) ganhar algo é alterando as regras do jogo. Diga-se que, para a qualidade de AHS, a nomeação é normal. Em termos de qualidade, aquilo é micro…logo, até TWD a vencia. Mas é engraçado ver a nomeação. É a estupidez dos prémios, que não olham ao que se faz, mas sim ao que lhe é mostrado. É um burro com os olhos tapados que come m**** em vez de palha. E a palha, diz o criador de Glee, é mais docinha. Diz ele.

Fora isso, e fora esta atitude tão parva que prejudica a própria série (próxima temporada de AHS será vista, por mim, como se trata-se de uma mini-série…acho até que vou parar ao terceiro episódio, para ser coerente), vamos aos respectivos nomeados, concordantes com as verdadeiras categorias: Continuar a ler

Emmys 2012: Os nomeados e o comentário – Comédia

De volta a minha lide de comentar as nomeações para prémios americanos de televisão. Os Emmys entram em cena dia 23 de Setembro, mas já saíram os nomeados. Vamos embora a tais, sem perder muito mais tempo.

E a primeira pergunta que se coloca é “Onde está Glee?”. A série fantástica da Fox não poderá receber mais um extraordinário prémio pela sua magnífica participação no enriquecimento televisivo. Onde está a Lea Michele? ONDE? Tu queres ver que faleceu e por isso não foi nome…pronto, saíram novas fotos de ela nua. Parece que não morreu. Mas onde está o fantástico Chris Colfer, que faz aquele absolutamente extraordinário trabalho? Onde está Glee? GLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLEEEEEEEEEEEEEEEEEEE! (imaginar eu a gritar Glee como o Michael de Lost gritava WALLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLTTTTTTTTT). Porque, na lista completa dos nomeados, Glee é nomeado em três locais. Melhor actriz convidada, melhor direcção de fotografia para single-camera (só para verem o magnifico trabalho, apeteceu-me fazer tradução livre) e maquilhagem. E, nesta última nomeação, está explicado como Glee conseguia as nomeações nos anos transactos.

Feito esta introdução, e visto que Luck conseguiu ser nomeado (Good Luck Charlie, perceba-se) em algo, a par de uma nomeação de Dexter, vamos embora por aqui a lista para vocês lerem de comédia: Continuar a ler