Séries para o Verão, por Jorge Pontes

Devoção é, muito provavelmente, a denominação de muitos para com os argumentistas e criadores das tantas séries que nós, adictos, vemos. No fundo, cresce dentro de nós um apreço enorme pelo seu trabalho e por toda a equipa que se reúne para produzir os tantos episódios que vemos por semana.

Eu já fui, em tempos, bem mais adicto do que sou agora. No início, marcava as horas para ver televisão, à noite, quando o canal de teste da ZON tinha a FOX ou a FOX Life durante mês e meio. E quando a ZON decidiu colocar a Life no pacote mais barato, a minha vida mudou. Conheci, através do canal, toda uma mão cheia de histórias, de personagens e aprendi a compreender este grande universo.

O Verão é, das épocas da televisão americana, a mais suave e despreocupada e talvez a minha favorita. É aquela altura em que se aproveita para recarregar energias e ver as temporadas que não conseguimos apanhar no Outono ou no Inverno. Serve, também, para olhar ao baú da época de ouro da televisão e apanhar uma série e vê-la, só porque apetece. Se há tempo, mais vale aproveitá-lo da melhor forma. De facto, é uma época onde a oferta é mais baixa e dá-nos tempo para saborear cada episódio e perceber tudo aquilo que ele nos quer mostrar (e contar).

Dirty Sexy Money

“Dirty Sexy Money”, “Ugly Betty” e “Eli Stone” são 3 séries, da altura em que só via a Life (e uma ou outra série da TVI às tantas da noite) me cativaram bastante e as quais eu sugiro para esta época despreocupada. São séries pequenas (a primeira e a terceira) que se vêem bastante bem pela sua história (quase) simples e pelas personagens que facilmente cativam e nos impressionam.

ColdCase_2

Da época pós-FOX Life, para o Verão, sugiro (além das ocasionais séries de Verão) a mais recente “Da Vinci’s Demons”, “Cold Case”, “The Borgias”, “The Tudors” e “Justified”. Em relação à primeira, a sua temporada de estreia de 8 episódios vê-se em pouco mais de dois ou três dias, apesar dos episódios de quase uma hora; é uma série medianamente leve, com uma história interessante e que atinge o seu potencial (quase total) nos últimos dois episódios. As restantes quatro, são séries já com algum peso na história da televisão e que exigem o seu tempo de visualização dado que são produções que primam bastante pelos detalhes e pelos significados escondidos nas acções das personagens.

Sanctuary

“Fringe”, uma das séries da minha vida, apoia-se igualmente nos detalhes e, aliando-se a uma forte mitologia, tornam as 5 temporadas e os respectivos 100 episódios num deleite para os amantes da ficção científica. E continuando na ficção científica, “Sanctuary” marcou o meu vício como sendo uma série à maneira e que se desafiava a si própria em termos de história. 4 temporadas e 59 episódios depois, temos uma série que terminou bastante bem e com um final explosivo que em quase nada desiludiu. Duas apostas, claramente, dignas de se acompanhar nesta época de imenso calor.

A nível de reality, se o caríssimo leitor estiver interessado, aconselhava para o Verão, o “Big Brother” americano. A CBS faz questão de produzir uma nova temporada que tem sempre estreia no início de Julho e dura até meados de Setembro, altura em que começa o ciclo de Outono de “Survivor”. Não vejo o reality assim há tanto tempo mas, sendo um grande guilty pleasure, é o meu grande vício de Verão e acho que esta altura sem Brother já não é a mesma coisa.

Tantas são as produções que passaram pelos nossos ecrãs e tantas serão aquelas que ainda por aqui passarão. O que é certo é que, as 11 que vos referi neste pequeno texto acabam por ser a ponta de um grande icebergue que nem eu próprio lhe vejo o fim. Adoro séries, adoro viver naqueles 45 minutos, uma vida diferente. Seja na Fall, na Mid ou na Summer Seasons, há sempre tempo para nos voltarmos a apaixonar por uma série que já vimos ou por uma nova que decidimos ver. De uma maneira ou de outra, acabamos por construir o nosso álbum de favoritas e, mais tarde, recordamo-las com o maior apreço. Haverá melhor gratificação que essa?

Novo ano, (não tão) novas séries!

Como é tradição, um ano novo faz-nos sempre pensar nos objectivos que pretendemos concretizar e assim fazemos uma lista de resoluções com todos esses desejos. Não fujo à regra. Também eu faço uma lista (mental) do que gostaria de realizar mas chego à conclusão que .fora os habituais “arranjar emprego” e o “acabar o curso”, a minha lista torna-se um pouco mais extensa porque dou por mim a pensar que séries é que quero ver naquele ano. Claro que tal como outra lista, alguns dos elementos dessa lista são esquecidos e poucas são concretizadas. No ano passado, coloquei Battlestar Galactica e West Wing, como as séries a ver, entre outras. Só vi a primeira, todas as outras foram esquecidas (deixadas de lado) pelo tempo e pela preguiça.

Neste novo ano, 2013, West Wing continua na lista, qual o típico “emagrecer 5 kgs” (no meu caso, seria engordar) que ocupa a lista de todos nós dia 1 de Janeiro, mas dia 2 já estamos no meio de doces e comidas até enfartar. Por vezes essas séries são, como os doces, Guilty pleasures, sabemos que são de má qualidade e que nos fazem mal mas continuamos a ingerir sem olhar para trás, sabendo que poderíamos estar a comer/ver algo melhor, que encha e nos faça reflectir. Mas ainda em relação a séries, que foi o que me trouxe cá, pretendo ver também este ano séries como Justified, The Wire (comida pesada mas que parece satisfazer muitos), The Killing, Pushing Daisies (docinho docinho) e outras. No entanto, comecei a ver Veronica Mars, outra que andei a “evitar” durante algum tempo, por achar que ao provar não ia gostar. Pois bem, estava enganada. Não enche, satisfaz bastante e prende-me até à próxima dentada.

Espero, ao longo deste ano, apresentar crónicas sobre estas séries, os novos pratos (tenho mesmo de parar com esta parvoíce de analogia) que pretendo ver, para fazer uma análise mais aprofundada. Entretanto se tiverem outras sugestões, outras recomendações, digam. Decidi que este ano vou deixar-me de parvoíces e vou sair da minha área de conforto e talvez experimentar outros géneros a que não estou habituada, por isso estejam à vontade. Não prometo que realmente as veja mas fica a dica para o futuro.

Digam-me qualquer coisa e eu vou ao restaurante mais próximo. 😉

Até breve.

Series-Gazing XVIII

O mundo das séries sempre me intrigou. Porventura o leitor já terá pensado, como é que as mentes por detrás das séries conseguem fazer (muitas vezes) as melhores séries a partir de uma história que, à partida, nem dava para uma mão cheia de episódios. Porventura, já terá pensado em histórias que, sabe-se lá Deus, conseguiram chegar a série e permanecem por 3, 4, 5 anos (e até mais) e as pessoas parecem gostar sempre da mesma fórmula, da mesma pasmaceira e das mesmas personagens que se reciclam, continuamente.

De facto, quando um adicto (assumido) em séries carece de tempo para ver os seus produtos favoritos, esse mesmo doente (leia-se pessoa) começa a perceber, a pouco e pouco, muito do lixo que parece gostar de acompanhar mas que, lá no fundo, vê porque já acompanha a série desde o início ou porque as personagens principais estão perfeitos eye-candy ou até porque a histórias, às vezes, consegue ser boa e compensa os casos razoáveis que são contados ali pelo meio.

Chegado que estava às férias de Natal, deparo-me com uma lista enorme de séries para ver fora aquelas que estão bem guardadinhas para depois. Penso, claro, que tenho de as ver todas. E depois rio-me com tamanha parvoíce e talvez penso que devo fazer stand-up comedy. Depois deste momento de pura gargalhada, penso seriamente sobre o assunto e surge-me a ideia mais maravilhosa do mundo: desistir de ver umas ditas. Não é que me encha o coração de desistir de acompanhar histórias, mas tem sido assim desde que comecei nesta senda de analisar episódios, de perceber as intenções das personagens ou mesmo até deparar-me com os mais bonitos cenários onde decorrem estas histórias.

How-I-Met-Your-Mother

Lembro-me de ter dito ao caro leitor que “How I Met Your Mother” e “The Big Bang Theory” tinham sido duas séries que havia deixado para o Verão. Sabe onde é que elas estão agora? Na reciclagem. O mesmo se passa com “Rizzoli & Isles” que, desde que terminaram o arco com aquele grande assassino, a série perdeu força e graça. Ainda vi, no Verão, a primeira leva de episódios da terceira temporada mas agora… vamos esquecê-la. Apesar de ter a Sasha Alexander, não chega. E “2 Broke Girls”? Dizia eu o ano passado que a comédia era muito boa. Adorava, essencialmente, as piadas porcas. Este ano, tenham ou não loja, fartei-me da série. Pronto, eu sei que tem a Kat Dennings e a Beth Behrs mas estou farto da premissa.

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Perco tempo a ver estas quando tenho guardadas para mais tarde “Justified” e “Homeland”. Não achando eu que isto é comportamento de pessoa normal e minimamente sã, o meu 2013 começou bem mais limpo e com objectivos distintos em relação às séries: parar de me perder com mediocridades e focar-me naquilo que interessa. Eu sempre tive na ideia que quem visse maior número de séries era o maior… Mal sabia eu que estava a ser ingénuo. Sinceramente, não é mais ou menos adicto quem vê um grande número de séries. É adicto quem acompanha poucas mas fica envolvido pelas suas histórias e personagens e pequenos detalhes… É adicto quem sabe o nome dos actores e actrizes e (quase) toda a sua carreira.

Certamente que muitas mais séries serão lavadas do meu consciente durante este ano de 2013. Azar o delas, lá diz a sabedoria popular. Mas de uma coisa tenho a certeza: a televisão e a criatividade parecem estar a estagnar, sempre presas aos mesmos conceitos, aos mesmos estereótipos, às mesmas piadas e sem nunca sair da zona de conforto. Talvez seja por isso que a minha mente esteja a fazer uma selecção rigorosa dos programas que deliro ver e talvez seja por isso que esteja a enveredar pelo mundo do cinema (que a mim sempre me foi muito desconhecido). Não digo que a televisão esteja obsoleta mas, com o paradigma actual, a dita para lá caminha. Teremos uma midseason sem graça, tal como foi a fall season deste ano? A época só ontem começou e é esperar para ver o que ela nos reservou.

Um óptimo 2013 para o caro leitor, recheado de bons programas e de histórias envolventes.

Series-Gazing XIV

Se há coisa que acho particularmente graça é o facto de, quando entramos na Summer Season, o tipo de séries e o tipo de canais que as emitem são totalmente diferentes. Totalmente diferentes no sentido literal porque não há qualquer semelhança com o que é feito tanto na Fall como na Midseason.

De facto, todas estas épocas decorrem em momentos temporais diferentes: a Summer Season, como o próprio nome indica, acontece em pleno Verão onde o ambiente é mais descontraído, mais relaxado e de maior calor; a Fall Season marca a transição entre o calor dos meses de Julho e os meses mais frios, Novembro e Dezembro e é aquela altura em que são lançados novos produtos dado que as pessoas, teoricamente, já passam mais tempo em casa; na Midseason, que começa em Janeiro e vai até Maio, são lançados produtos cuja performance, em Setembro, não seria a melhor e a história propriamente dita, teoricamente, não assegura o número de espectadores mínimo para os padrões do canal.

Como o leitor pôde ver, quando se fala desta ou daquela época temos de ter em atenção a disposição do público, o seu humor e considerar muito bem aquilo que ele quer ver porque se a série não cativar não vale a pena mantê-la no ar nem muito menos continuar a exibi-la. Lone Star (FOX) é um desses exemplos onde a qualidade não significou quantidade e a série acabou por ser retirada da grelha ao segundo episódio.

E o que mais me chama a atenção das 3 épocas que referi é a separação nítida entre quem exibe o quê e o que é que é exibido. Ora, na Summer Season, é o Cabo que domina a televisão com apostas como Breaking Bad (AMC), Damages (DirecTV), White Collar (USA Network), Covert Affairs (USA Network), True Blood (HBO), etc. Na Fall, é a televisão aberta que toma o lugar com The Big Bang Theory (CBS), The X Factor (FOX), Dancing With the Stars (ABC), 30 Rock e Parks and Recreation (NBC), etc. Já na Midseason notamos que tanto a televisão aberta como o Cabo estão em “guerra aberta” com as apostas de Justified (FX) e Game of Thrones (HBO) a destronarem The Good Wife (CBS) ou outra qualquer.

Tenha a história uma atitude mais ou menos descontraída ou mais ou menos séria, esta será exibida na temporada que fizer mais sentido. Não é preciso ter conhecimentos de marketing para fazer esta conclusão porque, no fim de contas, é só preciso conhecer o espectador e saber aquilo que ele quer ver. E é aqui que os canais, desde há um tempo para cá, andam a perder porque cada vez menos sabem aquilo que nós queremos ver. De vez em quando, surge um ou outro produto interessante e que merece a nossa atenção mas, no resto dos dias, as fórmulas reciclam-se, as séries continuam com os seus grandes arcos que só se vêem resolvidos no fim de tudo, etc, e acaba por se perder o interesse naquilo que é feito para nós para nos entretermos. Continuará esta “separação” a ocorrer daqui para frente? Damará a televisão por cabo sob a aberta em certas alturas?

Monday’s Morning Mirror #11 – Zombies e Companhia (ou hiperactividade ao som de tiros)

A perspectiva que traço sobre a vida é que todo e qualquer momento que temos é ponderado, pensado e comparado. Qualquer situação vivida, ou só vista, é qualitativamente (não quantitativamente porque os momentos são iguais nisso) comparado com todos aqueles que já passamos (e, por vezes, com a imaginação daqueles que viveremos). Assim, e por este mecanismo, é que consigo dizer que Glee não presta, que não tem qualidade narrativa nem de representação. Que Breaking Bad é a melhor série que já me passou pelos olhos. Ou que Fringe já foi melhor do que está. A comparação dá para fazer a categorização, listagem do bom, mau, óptimo e péssimo.

De entre as séries que se encontram em exibição, duas sobressaem claramente. Justified e The Walking Dead sobressaem como exemplos de boas séries, quer se queira quer se não (o Miguel Bento vai-me matar…mas pronto). Ambas apresentam qualidade, nem que seja alguma. A questão é o que distancia uma da outra. E, neste momento, o seu distanciamento é grande.

Justified é, na minha humilde opinião, a melhor série que nos é apresentada todas as semanas. A série já era das minhas preferidas, mas este ano conseguiu estar uns palmos bem acima da sua actual concorrência. As personagens são absolutamente fantásticas, e não só os principais. O principal trunfo da série é a renovação dos secundários, daqueles que não transitam de temporada para temporada. Justified começa a ser uma série bem construída por isso: ao contrário de Dexter, p.e., consegue ter um antagonista tão bom ou melhor que o protagonista, consegue ter interessantes personagens que os suportam, que os criam problemas, que os permitem crescer, que não distrai o espectador. Consegue ainda ter a facilidade de surgirem arcos diferentes. Das três temporadas que já a compõem, a terceira está a ser aquela que está a levar isso mais profundamente.

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Diálise dominical #1 – Mamas, chapéus de cowboys e desfribrilação de dinoussauros

Como está na moda, vamos começar este post de forma original: boa tarde caras pessoas. Tudo bem pelo trabalho? Depreendo que estejam a ler isto em vez de realizarem o que o vosso chefe vos diz para fazer. Mas depois lembro-me dos sites pornográficos. Então recomeçando: boa tarde, caros leitores que decidiram passar por aqui. “Que consistirá esta crónica, semanal (esperemos que a mim me apeteça escrever todas as semanas)?”, perguntam-se vocês. Ainda bem que se questionam isso. Facilita-me o trabalho. Sabem aqueles espaços que, no final de cada ano, aparecem nos espaços de informação nacional? “2011 – O ano da crise revisitado”, por exemplo. Sabem? Em vez de fazer isso no final de cada ano, farei no final de cada semana, com um pequeno resumo do que se passou. “Mas, ò António, quantas vezes tentaste isso e depois te cansaste?”. Várias. Mas agora vai resultar. Há que ter confiança! Agora as circunstâncias são diferentes! Tenho muito mais trabalho na universidade e tudo! Vai resultar!

Quando vocês chegam a casa, o que vos apetece? (para além de ter a Sport TV de graça para ver o Benfica…isso não conta (PS: sou portista, mas acho que ter a Sport TV de graça é desejo de qualquer ser hum…espera, existe a internet)) Uma boa série, como é óbvio. Assim sendo, é com bons olhos que se dá o regresso, nesta semana, de Community. Assim, e para festejar o seu regresso, a NBC decidiu dividir-se em duas frentes: promos (escolho o brilhante Will Chang e os trabalhos dos actores durante o hiatus – mais vídeos aqui) e os webisódios que podiam-se passar na cabeça do Abed (Parte I e II). Tudo pronto?

Falando de boas séries, temos duas boas notícias: regresso de Mad Men e renovação de Justified. A primeira, com a campanha publicitária em ebulição (se querem ebulição+Mad Men, ler post até ao fim), prepara o seu regresso com as fotos do elenco. Já Justified, como já referi, está a ser a melhor série que por este PC passa (“como vês séries no PC, António?”), foi renovada para uma quarta temporada. Que digo a vossas senhorias? Que se não vêem a série, merecem um tiro…mas dado por Raylan Givens.

De renovações passamos para cancelamento. O final de Skins foi a notícia da semana, e assim acaba os Morangos com Açúcar britânicos, ou seja, com mais qualidade (e sexo mais explicito). Para acabar, teremos três episódios especiais, divididos em duas partes cada, porque o peixe ainda é para render.

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