A Série da Minha Vida: The Wire (por Mateus Borges)

Nos últimos anos, a televisão andou fascinada pelo conceito de poderosas e maciças forças destrutivas, com buracos negros, big bangs e genes podres que contaminam. Em pequena ou grande escala, Walter White, Tony Soprano, Don Draper e tantos outros protagonistas da última década mostraram essa propagação, do estouro que leva a explosão e dos inocentes que acabam sendo destrinchados sem piedade por ela. O que The Wire faz de diferente nisso é analisar como parte de um conjunto ao invés de algo isolado, aliando essas inovadoras qualidades com elementos tão velhos e básicos quanto a própria televisão.

Afinal, na obra de David Simon vidas inocentes se vão, jovens se tornam viciados por influência e um estivador pode acabar recebendo um container cheio de prostitutas mortas antes mesmo de o seu café esfriar. Mas a série não é só sobre o pai de família que levou uma bala perdida. Não é sobre o garoto que nasceu no lugar errado. Não é sobre má sorte.

The Wire é sobre Baltimore. É sobre uma linda, maravilhosa cidade com uma força destrutiva presa no seu centro. Ela não é específica, não é ligada a apenas um indivíduo ou uma organização ou até mesmo a própria Baltimore – e nesse sentido, os temas atravessam fronteiras e partem para noções básicas de como construímos nossas vidas e vivemos em sociedade.

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A Série da Minha Vida: The Tudors (por Inês Correia)

Por entre todas as séries fantásticas, com argumentos de genial, e todas as histórias e casos que, diariamente, invadem as nossas TV’s, existe uma que me deixa sempre fascinada, mesmo quando vejo episódios repetidos. Estou a falar de Tudors, e porque Tudors? Porque para mim, todo o retrato histórico de algo que já aconteceu é fascinante!

Mesmo sendo uma grande apreciadora de história mundial como sou, tenho noção que tenho de desculpar alguns (poucos) erros que acabaram por surgir, pois achei a série tão, mas tão genial, que me foi impossível criticar este ou outro erro. Sirvo-me como exemplo a situação do casamento da irmã de Henry VIII, Lady Margaret, com o rei português, na primeira temporada!

Considero que as personagens são no mínimo muito boas, como é o caso de Katherine Howard, a quinta esposa de Henry, que morreu porque se apaixonou, e não foi pelos lindos olhos do rei. A desgraçada lá se envolveu com Culpeper, e no que é que aquilo deu? Mais uma execução em praça pública!

Outras personagens que me deixaram encantada foram as de Anne Boleyn e de Charles Brandon. Natalie Dormer revelou-se com o papel de Anne, uma grande actriz! Grande mesmo! A personagem revelou-se uma das melhores no enredo, na teoria de conspiração que reinava na corte, já nessa altura. Sem dúvida de Anne ousou em surpreender o público, mas acabou por receber o seu “castigo”. Carrasco – 2 / Corte – 0

Já Charles sempre assumiu o papel de sidekick do rei, mostrou ser muito mais do que um subordinado do rei, já que sempre expressou (mesmo com algum cuidado) a sua opinião face aos assuntos do rei e às suas relações pessoais. Mas devo confessar que a minha preferência face à personagem vem da sensualidade do actor, que me mata com o seu olhar.

Mas no meio de tanta personagem, umas importantes, como o caso de Thomas Cromwell, ou menos importantes, não posso deixar de destacar Henry VIII! A melhor personagem, não fosse ele quem dá vida a um dos reis mais falados da História (pela separação de Inglaterra do Vaticano)!

Henry revela-se um rei caprichoso e sem escrúpulos, capaz de passar por cima dos seus aliados, para ter a vantagem que quer, mas quando o rei vê um rabo de saias… UI! Qual assuntos do reino qual quê!! Viu-se bem pela sua relação com Katherine Howard, apesar de esta ser puramente sexual, um dos motivos das relações do rei, para além de negócios, como foi o casamento com Anne of Cleves. Mas o rei amou, e quando amou perdeu a sua paixão. Atrevo-me até a dizer “alma gémea”, porque era isso que Jane Seymour representou para o homem que usava a coroa.

Esta série é de facto a série da minha vida e tenho de agradecer à minha grande amiga Catarina, que me pegou este bichinho, e me viciou numa das melhores séries históricas que eu alguma vez imaginei ver. Até à bem pouco tempo dava no canal MOV, mas agora que a série já acabou, podem tirar da Net os episódios, aconselho mesmo, vivamente!

 

A Série da minha Vida – Breaking Bad (por João Barreiros)

Permitam-me que comece por dizer que escolher uma só série, de entre o conjunto de todas que já assisti, para nomear como “A Série da minha Vida”, é uma tarefa bastante difícil, não só porque cada uma delas tem as suas qualidades e defeitos, mas também porque sempre fui péssimo a fazer listas, a ordenar segundo as minhas preferências coisas de que gosto, de cada uma à sua maneira. Fico sempre com o sentimento de que não estou a fazer justiça a determinado elemento ou que poderei estar a conferir mais importância a outro do que de facto ele merece. De forma a prevenir tal sentimento, decidi escolher, não exactamente a série da minha vida – porque não consigo nomear só uma -, mas aquela que actualmente mais me dá prazer e que, por isso, está certamente no topo das minhas preferências. Falo de “Breaking Bad”, que, por qualquer razão, nenhum dos convidados anteriores desta rubrica escolheu.

A premissa nem é assim tão original: um professor de química de meia-idade junta-se a um ex-aluno para fabricar e distribuir metanfetaminas, após ser diagnosticado com um cancro do pulmão fatal. A excelência está no desenvolvimento das personagens, que ao longo das três temporadas já exibidas, nos revelam várias das suas facetas, evoluindo de simples formas, simples figuras com determinadas funções a desempenhar na série, com certos limites e comportamentos padronizados, para a complexidade de personalidades com um grau de autenticidade elevadíssimo, onde as mutações e as contradições são frequentes, mas nem por isso desprovidas de sentido. E não me refiro só ao progresso dos dois personagens principais, mas também aos espectaculares Skylar e Hank, que cresceram a olhos vistos na última temporada. Nenhum personagem não tem importância, ninguém é descartável, e isso deve-se ao fantástico comando da história efectuado pelo criador Vince Gilligan

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A Série da minha Vida – Sons of Anarchy (por Alessandro Márcio)

Inicio este texto falando um pouco das séries no geral. Desde um tempo (The Sopranos) para cá, vem se construindo um novo estilo de séries dramáticas, com um novo enredo, com uma filosofia única que consegue fazer o espectador questionar as leis e as regras do mundo. Essa é a era em que se aplica o lema: “O bem não é mais o suficiente” .

Sim, o bem. Foi-se o tempo em que uma série “normal” era aquela que brigavam pelo topo de melhor. Hoje em dia preferimos ver séries com pessoas que não seguem as regras (Breaking Bad, Dexter, House) do que aquelas dos “bonzinhos”. Por que? Talvez estejamos entediado e cansado das rotinas diárias que queremos ou até ansiamos em uma quebra dessa mesma rotina, ou talvez desejamos uma mudança no mundo?

Quem nunca pensou em fazer o mesmo que Dexter faz? Brincadeiras à parte, é isso que faz essas séries novas serem superiores, elas conseguem entrar nas nossas cabeças e nos fazem questionar sobre a existência humana.

E Sons of Anarchy não é nem um pouco diferente. Mas na minha opinião a série consegue levar mais além ainda essas questões porque ela me fez ver o mundo de uma forma totalmente diferente.

SPOILERS SOBRE AS TEMPORADAS

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A Série da minha Vida – The X Files (por Miguel Bento)

I Want to Believe!

Esta é a frase chave que acompanha a série desde os primeiros momentos, é nesta premissa que se baseia X Files e todo o percurso que as personagem percorrem ao longo de 9 fantásticas temporadas. A série criada por Chris Carter estreada em Setembro de 93 foi um fenómeno quase imediato, que mudou a forma de fazer tv e sobretudo trouxe o sobrenatural e o fantástico para a tv de uma forma completamente descomplexada e saindo do espectro do ‘horror’ como era habitual até aí. É para mim a série das séries, foi a primeira que me deixou viciado e a esperar ansiosamente que a tvi voltasse com mais temporadas durante os anos 90, canal que a exibia em Portugal.

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A Série da minha vida – Lost (por Well Fernandes)

Contém spoilers…

Por mais clichê que possa tenho que ser mais um a admitir que Lost influenciou toda a minha vida desde os primeiros segundos de seu piloto. Eu era apenas mais um inocente garoto que nada conhecia sobre a cultura americana e achava que o mundo inteiro girava em torno do Brasil, fissurado em enigmas e frustrado por não conhecer outra realidade sem serem as novelas da Globo, então a maior emissora brasileira decide nos apresentar um novo material americano que pelo visto estava a fazer sucesso mundo afora, Lost então começa a ser exibido em um domingo a noite após o Fantástico e desde o momento que conferi aquele programa sobre um acidente de avião posso confirmar que nunca mais fui o mesmo. Foram noites sem dormir direito para poder conferir a série nas madrugadas, fiquei nessa rotina até a terceira temporada e confesso que nunca cheguei a me arrepender por ter perdido àquelas horas de sono.

Lost é para a minha pessoa, e sempre será, a melhor série que já assisti em minha vida, são tantas qualidades, tanta emoção que senti a presenciar cada episódio, cada flashback que ainda arrepio quando me lembro de algumas cenas, relembro de suas situações e de seus mistérios. A série conseguiu me manter focado ao decorrer de suas seis temporadas, me manter atento a cada segundo na tela, a cada promo e a cada surpresa, foram noites e noites que passei acordado visualizando teorias absurdas em minha cabeça. Sinceramente, era uma teoria pior do que a outra e mesmo assim a série conseguia me surpreender com sua coragem em se tornar uma das séries de ficção mais ousadas de sua geração.

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A Série da Minha Vida: Anatomia de Grey (por Raquel Silva)

Com a grande diversidade de séries no panorama televisivo, torna-se impossível destacar apenas uma favorita de entre as que assistimos e adoramos diariamente. O próprio estado de espírito altera as nossas preferências, levando-nos a escolher uma comédia hoje e talvez um drama amanhã, que a seu momento nos transportarão para mundos que precisamos de abarcar. No entanto, há uma série que merece destaque nesta rubrica, tratando-se de uma das minhas favoritas, de sempre, e que ainda hoje continuo a acompanhar com o maior apreço. Falo de Anatomia de Grey.

Não importa o dia ou a hora. Se houver Anatomia de Grey por perto, serão decerto quarenta e cinco minutos da minha vida que despenderei a ver mais um episódio, novo ou antigo – quase uma hora de muito drama e diversão, com as personagens que nos acompanham desde o primeiro momento. Por vezes dou por mim fixada na televisão quando um episódio da segunda ou terceira temporadas surge no ecrã, não conseguindo parar de o visualizar, independentemente de já o ter visto cinco ou seis vezes.

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A Série da minha vida: Dexter (por António Guerra)

Depois de uma primeira temporada (nunca arranjei termo melhor para classificar a primeira experiência) do “A Série da minha vida”, sempre pensei numa segunda ronda com nova gente, novas séries e novas opiniões. Depois de fermentar a ideia, fazê-la crescer e convidar toda a gente que queria, decidi dar o tiro de partida. Assim sendo, começo eu próprio por dar o mote, numa crónica semanal, ao Domingo (excepcionalmente hoje à terça, devido a alguns problemas), com mais um punhado de grandes séries.

A escolha da série que mais nos marcou é sempre complicada. Não é a melhor (a melhor que vi até agora foi Breaking Bad). É aquela que, mesmo que todo o mundo ache péssima, nós encontramos sempre um lado bom, algo que às vezes ninguém vê mas nós dizemos, vociferamos contra o mundo. Dexter tem conseguido, mais coisa menos coisa, ser isso. A série tem falhas, como qualquer série do mundo, e tem tido por vezes um caminho errado (exemplo desta última temporada), não conseguindo manter sempre o nível. Mas, fora isso, Dexter é das séries mais interessantes que vi, vejo e verei.

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A série da minha vida: Six Feet Under (por Miguel Bento)

Six Feet Under é para mim a série mais marcante desde que sigo séries com regularidade, para quem me conhece até pode achar que poderia ser o Lost, mas antes do desta houve algo que me prendeu e me envolveu mas sobretudo abriu uma visão do que é um argumento brilhante e em que os canais de cabo americanos começavam a mostrar toda a sua força. Comecei a ver a série nos últimos episódios na primeira temporada na rtp2 há muitos anos. Na altura ainda não era muito fanático de séries, mas esta tinha algo diferente a começar pelo tema central: A morte. A série era toda ela sobre a morte seja ela natural, espiritual ou social, todos esses campos foram abordados ao longo das cinco temporadas. Cada episódio começava com uma morte e um funeral que davam o mote, sempre com algum humor negro e muitos dramas as personagens deambulam pelos sofrimentos alheios que acabam por ser uma reflexão sobre a sua própria existência. Continuar a ler

A Série da minha vida: Buffy (por Carolina Sales)

De entre a dezena de séries que fui vendo pela minha (curta) vida fora, houve várias que se destacaram pelos mais diversos motivos. À lista de favoritas foram entrando umas e saindo outras de acordo com os meus gostos do momento. Houve uma altura em que diria que “Friends” era a minha série favorita, outra em que “Coupling” ocupou esse lugar, trocando depois para “Six Feet Under” e mais tarde “Battlestar Galáctica”. No entanto, ao longo deste tempo todo, houve sempre uma que ocupou um lugar de destaque na minha colecção: “Buffy the Vampire Slayer”.

Não sendo uma fanática do Whedonverse, esta série em questão é daquelas a que não poupo elogios. Seja pelas personagens, pela comédia ou pelo drama, há qualquer coisa aqui que me fez ver e rever episódios vezes sem conta, não só em maratonas do primeiro ao último mas também quando acidentalmente a apanhava na televisão. Foi também esta dedicação que me fez seguir o trabalho dos actores noutras séries como “Bones” e “How I Met Your Mother”, aproveitando todas as ocasiões em que podia recordar estas pessoas e o trabalho que sempre adorei.

Não tendo propriamente nenhum fascínio por vampiros (na altura nem havia assim tantos…), o que sempre me cativou nesta história foi a qualidade do seu argumento aliada a personagens autênticas num mundo de fantasia. Foram centenas os monstros que por esta série passaram, mas foi a forma como as personagens com eles lidaram que me seduziu. Seja pelos seus problemas pessoais, duvidas e angustias, o Scobby Gang e companhia provou estar à altura de todos os desafios, superando-os com maior ou menor dificuldade.

A originalidade do argumento, com episódios mudos e outros cantados, e o humor sempre presente foram outros factores que me deixaram colada ao ecrã. A série nunca se limitou a uma fórmula básica de luta contra o monstro da semana, adicionando-lhe antes os mais diversos vilões e trazendo personagens secundárias que não se limitaram a estar nos bastidores a dizer uma deixa aqui e ali. As suas histórias foram vividas com a mesma emoção com que seguimos a vida da protagonista, por entre fases rebeldes, amores para toda a vida e a amizade que sempre caracterizou este grupo.

Rondando diferentes áreas, desde o sci-fi e acção ao terror e comédia, a série partiu de uma premissa teoricamente pouco apelativa (só o título já limitava um pouco a série a quem não conseguisse ver para além dele) e conseguiu entrar num ambiente muito próprio. Na pele desta heroína forte e independente, um verdadeiro exemplo do girl power que fazia um pouco falta na televisão, esta série conseguiu ir além da primeira camada, lidando com temas mais maduros que foram desde a dicotomia bom/mau aos sentimentos de perda e desilusão que qualquer pessoa enfrenta pela sua vida. Com a diferença que esta heroína trágica ainda lutava com vampiros nas horas vagas…

É a melhor série de todo o sempre? Não. Agrada a todos os gostos? Sem dúvida que não. Mas entreteve durante 7 temporadas com personagens que ainda hoje deixam saudades e com um impacto significativo na experiência televisiva dos seus fãs. Obrigada Buffy!